quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A Sobrevivente do Massacre - Capítulo Onze - Parte II

Notas Iniciais do Capítulo:
Yo! \o

Aqui a parte final do capítulo ^.^. Essa sim é a parte que gosto, kkk.
Boa leitura!



Capítulo Onze: Brigando com o Líder do meu Clã - Parte II


Dia seguinte...

Acordei até bem. Me espreguicei preguiçosamente na cama, soltando um bocejo mais alto do que queria, depois relaxei, ainda sem abrir os olhos. Quando os abri, sentando na cama, pronta para levantar, soltei um gemido, lembrando do que haveria que fazer hoje. Teria que enfrentar minha família.
Quase corri pra debaixo das cobertas, pensando em uma desculpa pra não ir. Não havia nenhuma.
Desci da cama, arrastando meus pés, os ombros pesados.
Depois de toda a higiene matinal, coloquei a blusa de sempre, e o short. Não tinha mais minha capa, a havia perdido na luta, totalmente rasgada no meio das minhas costas (eu chorei tendo que jogá-la fora). Como eu não morri com aquele golpe, não sabia.
A única coisa mais ou menos usável que achei, na minha pequena cômoda, foi uma saia cinza, um palmo acima do joelho. Fiz uma careta, vestindo-a. Coloquei o colete verde por cima (o que todos os ninjas jounins usavam), fechando. E por último fiz um rabo de cavalo.
Acariciei Tora, que ficara observando-me e repetindo que eu estava melhor que antes com aquela roupa antiga.
Guardei o bilhete de Hikaru no meu bolso. Desci as escadas, tomei um café rápido e saí antes que Akemi percebesse. Se ela soubesse, estaria fazendo um escândalo.
Andei pelas ruas da vila até o portão. Devia ser muito cedo, mas eu não me importava.
Cheguei logo e, felizmente, Hikaru estava ali.
– Você veio! - exclamou, animado, vindo me dar um abraço que me deixou sem ar de tão apertado, tirando meu pés do chão e só faltou me girar no ar. Retribui, pouco desconfortável, pois não estava acostumada.
– Oi. - cumprimentei quando me soltou.
– Me desculpe! - pediu imediatamente, parecia que tudo aquilo estava preso em seu peito desde ontem. Remorso. - Eu sinto tanto...! - Interrompi-o, levantando a mão.
– Calma, Hikaru-nii-san. Não fiquei com raiva de você. Amo você demais pra isso. - Sorri pra ele, que retribuiu.
– Ah! Nós temos que ir! - disse, como se tivesse mesmo esquecido do porque de tudo isso. Assenti. - Meu pai vai ficar zangado!
Pegou minha mão e começou a correr e me puxar junto com ele. Acompanhei o seu passo. Pouco depois nós pulávamos pelas árvores, tentando ultrapassar um ao outro. Parecíamos duas crianças, fazendo caretas e dizendo provocações, assim que um pé ficava mais a frente do corpo do outro.
Menos de uma hora e nós chegamos no lugar.
Não era um pequeno vilarejo como pensei. Era enorme, cercado com muros e um portão grosso. Praticamente impenetrável. Haviam símbolos do lado de fora, algum tipo de proteção contra o mal. E no meio do portão, o desenho de uma fênix guardava o local.
Apavorante. Tremi vendo aqueles olhos tão reais da ave, pareciam se mexer nos vigiando. Loucura minha, claro. Nada se mexia.
– Como se entra nisso? - perguntei, me encolhendo, tendo outra ilusão, agora as asas se mexeram muito rápido. Genjutsu, era exatamente isso.
– Batendo. - respondeu, como se fosse muito óbvio. E seria, se aquelas ave não me apavorasse.
Ele seguiu até o portão, praticamento me carregando à força. Eu queria ficar longe daquele desenho assustador.
– Com medo? - zombou, rindo de mim.
– Claro que não. - menti.
Hikaru bateu duas vezes no portão e eu escutei duas vozes, resmungando por terem de abri-lo. 
Nos afastamos alguns metros.
Pensei que escutaria o metal rangendo, mas não se ouviu nada. Só uma porta se abriu bem no meio do grande portão. Também de aço e grossa. O genjutsu era tão bom que ninguém perceberia aquela portinha.
Dois homens guardavam o portão. Um era alto, magro, cabelos loiros quase castanhos e bem espetados, como se não os penteasse, e olhos verdes iguais aos de Akemi. Usava o colete verde e uma calça preta, a bandana da folha na testa. O outro tinha cabelos castanhos claros, olhos verdes claros, quase azuis. Usava o mesmo uniforme que o outro, mas não consegui encontrar sua bandana. Era mais baixo, e mais encorpado também.
– É bom vê-lo, Hikaru-san. - disse o primeiro. sorrindo.
– Akihito, Akinori. - cumprimentou de volta, com um aceno de cabeça. Seriam gêmeos diferentes?
O outro o cumprimentou do mesmo modo.
– Olá. - falou o primeiro pra mim, ainda sorrindo. Ele era o mais gentil. O outro mal falava, talvez fosse mudo.
– Oi. - respondi, sorrindo também, tanto pra ele quanto para o seu amigo.
– Bem-vinda. - disse o segundo. Não sorria, mas parecia sincero.
– Obrigada. - Acenei com a cabeça também.
Adentramos o local. Havia algumas pessoas trabalhando em lojas, outras se divertindo com a família e amigos.
Tinha um ambiente feliz e com isso meu coração ficou agitado.
Aquela era a minha família. Eles pareciam ser até legais. Talvez eu pudesse fazer amizades com alguns...
– Bonito aqui, não? - indagou Hikaru com um sorriso.
– É. - concordei.
As casas eram grandes e bonitas, as pessoas se vestiam bem, irradiavam saúde. As flores e árvores enfeitando o lugar. Um clã rico. Talvez até mais que isso. Todos pareciam ser iguais ali. Direitos iguais.
Me senti feliz por eles e entendi o porquê de Hikaru ter lhes defendido. Eles eram uma família unida.
Crianças brincavam em balanços. Mães e pais juntos observando os filhos... Tentei absorver todos os detalhes do lugar enquanto andava. Acabei sorrindo para os que passavam me dirigindo cumprimentos e sorrisos.
Caminhamos mais até chegarmos no que parecia ser o centro da vila. Uma mansão, parecendo mais uma sede de um Kage.
– Uau. - soltei. 
Hikaru apenas suspirou como se dissesse "Lar, doce lar!" e entrou, me puxando junto.
Por dentro era mais bonito ainda. Quadros, móveis e algumas pessoas estavam ali. Passamos por elas sem dizer nada, não querendo atrapalhar seus assuntos.
Andamos por corredores, mais e mais portas passavam. Viramos a esquerda e eu pude ver a porta, diferente das outras por ter o símbolo do clã Taiho (felizmente, sem fênix ilusionista), com dois guardas sentados aos seus lados. Não pude ver seus rostos, usavam armaduras completas, segurando espadas. Nem tentaram impedir Hikaru de bater na porta, mas focaram os olhos em mim.
– Pode entrar. - permitiu a voz lá dentro. Tive uma impressão de que a conhecia.
Meu irmão a abriu, fez sinal para que eu entrasse e eu simplesmente respondi para ele ir primeiro. Caminhei atrás dele, que segurava minha mão como se eu, de alguma forma, fosse fugir. Mas eu não faria isso, mesmo que houvesse figuras com genjutsu em todos os lugares desse cômodo, se movendo e emitindo sons.
Suspirei, vendo que não havia nada estranho aqui. Paredes brancas, alguns quadros, e uma katana dourada na parede. Senti vontade de pegá-la e testar seu corte. Parecia capaz de cortar qualquer coisa, parecia me implorar para fazê-la ser uma arma novamente e não um enfeite na parede.
Só então percebi o homem de cabelos loiros, olhos verdes iguais aos do filho, e um kimono preto e cinza, sentado em uma mesa, pronto para um chá. Bem bonito, eu diria, apesar de mais velho, mais velho um pouco que meu pai, tinha um corpo atlético, como se fosse muito mais jovem. Me observava com cautela e seus olhos desceram até as nossas mãos unidas. A mão de Hikaru segurou a minha com mais força, enquanto um sorriso surgia nos seus lábios.
– Pai. - cumprimentou ao homem. Não era uma surpresa que meu tio fosse o líder, eu já esperava isso. - Essa é a Naomi.
Suei. Minhas mãos ficavam molhadas. O homem fitava meu rosto, ainda sério, e fez um sinal para que nos aproximássemos. Segui Hikaru, sentando ao seu lado.
Se soubesse que tomaríamos chá, teria me vestido de acordo. Mas meu irmão usava roupas ninjas, assim como eu, fazendo-me ficar mais à vontade.
– Oji-san. - cumprimentei a ele, com uma pequena reverência. Tentei afastar a ideia de que esse era aquele mesmo garoto irritante do campo, estragando o momento dos meus pais. Afinal, ele já era mais velho, devia ter mudado.
– Então, você é a minha sobrinha. - falou. Sua voz não havia mesmo mudado tanto, só amadurecido pela idade. - Uchiha Naomi, não é?
Assenti, pouco à vontade. Achei que por sermos parentes próximos ele falaria de forma mais íntima.
– Sou Taiho Hayato. - apresentou-se. Seu tom de voz sempre sério. - Mas acho que já sabe disso. Seu pai deve ter lhe contado.
– Na verdade, não contou-me nada. Mas sei que esse é seu nome.
– Entendo. - Parecia sempre escolher as palavras com cuidado. Como se todo o texto que fosse ser dito tivesse sido decorado por ele. - Depois de tanto tempo, é estranho vê-la tão forte. Uma jounin.
– O senhor já me viu antes? - perguntei, confusa.
– Oh, é mesmo. Ninguém nunca lhe disse nada.
– Sim, meu pai e o Hokage levaram tudo ao túmulo.
Hikaru nada dizia, nem parecia estar ali ao meu lado.
– Bem, o que acha de um chá enquanto eu lhe conto tudo?
Aceitei. O que não faria para conseguir informações?
– Eu aceito, sim.
– Ótimo. - Deu um sorriso. Aquilo me assustou. Hayato era mais sério que meu pai. Ele não parecia ser capaz de sorrir, o que tornou sua tentativa de me fazer sentir em casa exatamente o contrário. Me senti uma completa estranha, uma visita, para quem, por educação, o dono da casa sorria.
Começou a servir o chá. Só agora percebi de que material eram as peças: porcelana com desenhos em ouro. Eram traços indistintos, mas feitos com muito cuidado. Talvez tudo ali tivesse ouro.
– Vou começar contando sobre esse lugar. - disse. Tomei um pouco do chá. - Nossa vila já existe há muito tempo. Muito antes de Konoha, nós já éramos ninjas, com nossas tradições e cultura. Enquanto todos os outros clãs lutavam um contra os outros, os Taiho somente viviam em paz. Nosso clã era como o único ponto sem confrontos, vendíamos nossas coisas aos outros, fazendo nosso dinheiro. Sem guerras. Muitos tentaram invadir aqui, mas simplesmente falharam. Com o tempo pararam de tentar e nos esqueceram, poucos conhecem aqui. E foi aqui que eu e minha irmã nascemos.
"Sou apenas quatro anos mais velho, então por Kaori ser muito mais evoluída que os outros, tivemos que viver em Konoha para nos tornamos shinobis. Nosso pai não gostou que sua mãe fosse, mas por ela ser a caçula e sempre conseguir o que quer...
Riu da lembrança.
– ... ele a deixou ir. - continuou. - Foi na academia que seus pais se conheceram, não sei como minha irmã acabou apaixonado por aquele... - Ele percebeu que estava falando do meu pai, então deixou a frase no ar. - E então, nós três caímos no mesmo time... Foi muito difícil para mim. Eu realmente nunca gostei de Makoto, sem ofensas a você.
"Nós fazíamos tudo juntos, sempre estávamos no mesmo nível ninja, nos formamos juntos. Sempre fomos rivais, mas Kaori sempre esteve a frente. Ela pegou a melhor genética da família...
"Logo na adolescência começou o namoro dos dois. Nessa época eu já tinha uma noiva e iria casar, mas sempre tive muito ciúme da minha irmã mais nova. Coisa de irmão. Nosso pai também, nunca aprovou o namoro e exigiu que ela se separasse do seu pai... Como sabe, ela não o fez e abandonou o clã, e assim o direito de ser uma ninja dessa vila, acabando com sua carreira shinobi. Fiquei totalmente assustado. Kaori estava abandonando seu sonho pelo Uchiha.
"Foi um erro terrível, mas nós somos inimigos de Uchihas. É muito antigo. Nosso pai, o líder naquela época, proibiu que ela entrasse aqui novamente, pela segurança do nosso povo...
Ele observou que meus punhos se fechavam e meus olhos também. Como um pai expulsa uma filha desse modo?!
– E assim ela se foi, sem olhar para trás. Sua amiga, Akemi também quis abandonar a vila na época, mas sua mãe a impediu. Kaori se fez de forte. Por dentro devia se sentir quebrada, ela sempre amou nossa família e era cotada como a próxima líder. Todos fomos proibidos de ir vê-la, mas ninguém se volta contra a palavra do líder. 
"Foi quando nossa antiga discussão com os líderes de Konoha começou novamente. Nós queríamos ter nosso título de vila, sermos livres do nome "clã da folha". Conseguimos o título, mas ainda somos subordinados da vila. Como vê, somos obrigados a usar a bandana da folha, e não pudemos ter nossa própria. Somos apenas uma vila secreta, de ninjas subordinados à folha. Por isso temos a academia para kunoichi's aqui próxima. As mulheres do nosso clã têm que ser treinadas de modo diferente dos outros, por precaução. - Então, eu estudara na academia da minha vila. - Mas recebemos muito mais de outros países. Criamos laços com outros clãs e países, e isso ajuda muito em caso de uma guerra. Por isso ainda estamos aqui, ajudamos a folha.
"Voltando a história... Alguns anos depois, dois pra ser mais exato, soubemos que Kaori estava grávida. Houve uma grande reunião aqui na vila. Eu, inclusive, estava nela, por estar treinando para ser o líder. Discutimos o que faríamos com você. Uma Uchiha, sim, mas também uma Taiho. Um grande perigo para nós todos. Decidimos esperar até você nascer. Mas houveram tantas confusões.
"Sua mãe fugiu de Konoha, sabendo muito bem que pessoas que estavam atrás dela, procurando despistar e impedir a nós e a outros shinobis inimigos da folha de pegarem você. Seu pai ficou tremendamente preocupado e veio nos pedir ajuda. Nosso pai negou-a na frente dele, deixando-o muito irritado, mas, por trás, pediu aos melhores ninjas da vila para alcançarem vocês duas. 
"Eu estava no grupo de busca, deixando meu filho pequeno e minha esposa para trás, e sua sensei também estava conosco. Demoramos uma semana para acharmos as duas, mas era tarde demais...
Eu tentei esconder a dor.
– Orochimaru já havia as encontrado. Sua mãe já... - Ele respirou fundo, como se a lembrança fosse difícil demais. - Mas nós conseguimos salvar você. Não parecia que ia viver muito, pois estava com essa marca no pescoço e só chorava. Akemi não deixou que ninguém encostasse em você. Acolheu-a como se fosse sua filha.
"Voltamos para o clã e houve outra reunião. Alguns discutiram que deveríamos matar você, mas esses só pensaram no ódio pelos Uchiha. Apesar de terem razão que você era um perigo, era alguém que poderia revelar todo o segredo dos Taiho. Sua sensei ameaçou a todos que quisessem lhe fazer mal, dizendo como os mataria devagar e dolorosamente. Eu, particularmente, estava na lista de ameaçados.
Engasguei. Ele queria me matar? Quando eu era apenas um bebê?! Agora, eu entendia o porquê do ódio da minha sensei.
– Claro que meu pai atendeu mais um pedido da minha falecida irmã. Deixou que você fosse criada com seu pai e deixaria sua vida pela conta do destino.
Massageei as têmporas. Nem mesmo meu avô havia ligado pra minha vida.
– Não o entenda mal. - pediu-me Hayato. - Ele só estava triste e com ódio... - Interrompeu-se antes de dizer as palavras seguintes.
Com ódio de mim, certo? Eu já sabia que isso não daria certo, sabia que eles não me quiseram. Mas por que me sentia com raiva deles?
– Akemi não ficou nada contente com o modo frio como tratamos e abandonou a vila levando você até seu pai.
Minha cabeça doía, eu estava tendo outra dessas visões. Era como assistir um filme dentro da sua própria cabeça, como se enfiassem a fita no seu cérebro através da sua orelha e a imagem cegasse seus olhos. Doía demais.
"Eu via minha mãe, agora totalmente diferente das outras vezes, cansada e fraca. Ela me colocava ao seu lado na cama, sorrindo. Quando seus braços terminaram de me soltar, vi um vulto e eu não estava mais na cama. Alguém me segurava na escuridão do quarto e essa pessoa era quem eu já esperava.
Nenhuma dor minha foi comparada com reviver esse dia, saber que não poderia salvar minha mãe. Só podia olhar, como se fosse um espírito. E era exatamente como me sentia. 
"Estava parada ao lado da cama e consegui tocar seus cabelos loiros. Sentia como eram macios e como ela era perfumada. Mas ela não me sentia, claro.
– Pensou que escaparia de mim, Kaori-chan? - Ele riu, aquela maldita risada dele, e deu um passo a frente, se mostrando um pouco. Podia ver seus olhos dourados e nada humanos, seus cabelos negros. Senti nojo. Nojo de ter sido tocada por aquele homem.
– Largue ela, Orochimaru. - mandou minha mãe, se levantando. Ela sentiu a dor assim que levantou. Não podia lutar direito, tinha me tido há poucas horas.
– Ku ku, não se aproxime, posso machucar a criança. - Deu mais um passo a frente, mostrando a kunai a poucos centímetros da minha cabeça.
Ela fez um som de raiva e em um segundo não estava mais ao meu lado, mas tinha chutado Orochimaru para longe, me pegando. Em menos ainda estava cercando um pedaço da cama com seu sangue, fazendo selos tão rápido que mal pude enxergar. Eu estava dentro desse retângulo. Mas antes que o fechasse mesmo, estava sendo puxada pra longe pelas mãos do seu assassino. E eu, apenas um bebê desprotegido, comecei a chorar. Uma cobra me cercava, acabando com o resto dos selos.
Tentei me mover, agarrar a cobra, impedindo que me matasse, mesmo sabendo que ela não faria isso, mas foi em vão. Minha mãos não faziam nada nela.
Ouvi um grito da minha mãe e instintivamente olhei para lá. Ela estava com fogo nas mãos, algum tipo de jutsu que permitia que aquilo não a queimasse e sim ao inimigo. O fogo parecia aumentar mais ainda e ela atacou Orochimaru. Foi acertado, mas logo viu ele se vomitando e saindo ileso. Enquanto o jutsu da minha mãe sumia e ela parecia sentir os sintomas de tê-lo usado. Como uma espada de dois gumes.
–Ku ku... Você é fraca. - disse Orochimaru a ela, que começava a cair no chão, tossindo o sangue, e não era pouco. - E usando esse jutsu, só a fez morrer mais rápido.
Ela o encarava, ainda pior do que antes era seu estado.
– Mas não sou tão mau assim. Peça o que quiser, como último pedido.
Ela sorriu, uma visão atormentante com todo aquele sangue.
– Deixe-a em paz. Deixe que seja criada pelo pai. - pediu fracamente.
– Infelizmente, isso eu não posso. - afirmou, se afastando dela. 
Suas pálpebras caiam lentamente, lágrimas saiam dos olhos escorregando pelas bochechas e caindo em seu colo. Parecia triste, mas acima de tudo aliviada. Entendi o porquê assim que Orochimaru deu mais um passo e foi atacado no meio do corpo por uma espada. Meu tio estava ali.
– Morra, cobra desgraçada! - gritou.
Percebi que o último pedido da minha mãe havia sido para seu irmão. Para seu pai e para todos do seu clã. Mas se ele tinha escutado, por que droga não atacou Orochimaru antes? Por que não salvou minha mãe?!
Akemi surgiu em seguida, tentando salvar sua amiga e logo percebeu que era impossível. Seu rosto se tornou puro ódio, dor e culpa.
Orochimaru riu.
– Vocês não podem me pegar. - Seu corpo se desfez, em várias cobras que sumiram depois. Um Bunshin.
O verdadeiro se mostrou ao lado do bebê.
– A menina, Hayato! - alertou Akemi, começando a correr em direção à cama.
Tarde demais. A cobra/Orochimaru cravava os dentes no meu pescoço. Talvez aquilo fosse um rastreador também.
Antes que Akemi ou Hayato chegassem, o homem sumia, desaparecendo no chão, deixando-me chorando com a dor do selo.
A última coisa que me lembro foi de ver o corpo morto da minha mãe."
Eu estava paralisada, no mesmo lugar onde me lembrava, ainda sentada. Hikaru e Hayato me observavam, sabiam que eu havia saído do ar por alguns minutos. 
Me encolhi, colocando a mão na cabeça, sentindo a pontada. Estava suada e ofegante. Parecia que os sintomas dessas visões se tornavam piores com o tanto de vezes que eu as tinha.
Eu sentia raiva da minha família. Sentia raiva do meu avô, mas principalmente do meu tio.
– Por quê? - perguntei, mal passou de um sussurro. - Por que não salvaram-na? Por quê?
– Eu disse que cheguei tarde demais...
– Mentira. Você estava lá! - acusei, levantando-me e o olhando, confrontando-o a mentir na minha cara. Na cara da verdade. - Você escutou o pedido da minha mãe porque estava lá!
Hikaru se levantou tentando me segurar, mas eu o empurrei para o lado.
– Não quero que tente me segurar! Não quero machucar você! - afirmei a ele. - Agora, como pôde?! Tudo bem, você odeia meu pai, me odeia, mas por que não salvou a ela?!
Ele simplesmente se levantou e veio ficar a minha frente, colocando a mão no meu ombro. Lutei para não dar um tapa nela, como Akemi havia feito com Hikaru.
– Porque eu não podia deixar você viver. - Falava isso tão tranquilamente! Como se dissesse: O céu é azul! - Eu era o líder, depois do meu pai. Minha ordem é lei.
Eu fiquei simplesmente paralisada.
– Você...! Você matou minha mãe também! - gritei, tirando sua mão do meu ombro com raiva. - Só faltou enfiar a kunai nas suas costas!
Hikaru também estava paralisado pelo que seu pai havia dito.
Seria isso uma armadilha? O líder chamaria os seus guardas e até os dois simpáticos que me receberam no portão?!
Minha cabeça zumbia devido o quão rápido eram meus pensamentos.
– Não é exatamente assim. - discordou ele. - Eu tinha que fazer o melhor para minha vila.
– Me matar era melhor?! Vai fazer isso agora?! Cortar meu pescoço e avisar a Konoha que houve um acidente?!
Ele negou.
– Se quisesse, teria lhe matado cinco anos atrás. Você estava no meu território.
– Você pode ter tentado! - Pensei em quantas vezes me considerei azarada por todas as missões de quase morte. - Eu quase morri tantas vezes! Você pode ter armado tudo! 
Isso pareceu deixá-lo zangado.
– Não sou um mentiroso, garotinha. E muito mesmo um moleque para não assumir meus atos. - e ainda acrescentou - Você é tão irritante quando seu pai e sua mãe podiam ser juntos.
Aquilo foi como a última gota d'água.
– Quero enfrentá-lo agora! - falei. Por algum milagre meu selo não havia se libertado. Nunca havia sentido tanta raiva. - Seu velho, quero lhe dar uma surra na frente de todo mundo! De todos que confiam e lhe acham o fortão!
Aquele velho desgraçado era tão irritante! Estava rindo da minha cara. Eu já estava mostrando os dentes de tanta raiva.
– Cachorro que late não morde. - zombou bem alto e riu mais ainda. Só faltou apontar pra minha cara e cair do chão rindo. - O que pode fazer para vencer o mais forte da vila?! Copiar meus jutsus?! HA HA HA! Não vai nem enxergar meus movimentos, não é à toa que meu nome significa veloz.
– Pare de rir, velho baka! Não estou brincando!
– Você não passa de uma criança! Olhe o seu tamanho! - Apontou pra mim, balançando a cabeça. - Não dá nem para o gasto! - Estava jogando sujo, eu jogaria também.
– Tamanho não é documento. - garanti, olhando sua altura, e levantei meu dedo mindinho. - Você não deve nem dar para o gasto de tão pequeno que é!
Ele se irritou de verdade agora.
– Não fale das coisas que não sabe! Aposto que nunca viu um homem de verdade como eu!
Senti nojo só de imaginar. Meu estômago fez um som triste, concordando comigo.
– Seu velho pervertido! Eu não quero ver nada! Kami que me livre desse inferno! - exclamei, levantando as mãos pra cima.
Com mais e mais xingamentos, fomos parar na frente da grande sede. As pessoa pararam para observar. Hikaru era um pedido ajuda para nos apartar.
– Comece, Uchiha. – disse como se fosse o pior xingamento possível. Cuspiu no chão, limpando a boca.
– Velho tarado. Os idosos primeiro.
Em um quarto de segundo, ele estava atrás de mim e quase cortou minha cabeça no meio, mas eu fiz uma estrela no chão, escapando. Não tinha uma espada contra ele.
– Nosso clã é o melhor em taijutsu, garotinha Uchiha. – Corria tão rápido que nem pude decifrar de onde vinha o som. As pessoas fofocando também não ajudavam.
Por pouco não perdi as pernas, saltei da espada, pisando de leve na katana e voando para as costas do meu querido tio.
Não poderia matá-lo, isso não. Nem de longe faria algo assim. Não por raiva. Mas daria uma surra bem memorável a ele.
– Então use seus braços, assim como eu! - falei, dando-lhe uma chave de braço. Usei alguma força, o suficiente para matar sufocando, não para quebrar seu pescoço.
Ele segurou meu braço e o apertou até que eu senti o barulho trec. Gemi de dor, saindo de perto dele. Meu braço estava quebrado.
– Não me subestime, Uchiha. - Joguei sua katana longe. - E agora você só pode usar um braço.
Eu não o subestimava. Sabia que ele era forte.
Pense, vamos pense! Ele é rápido e forte. Pode me quebrar sem esforço... Eu não vou usar o Sharingan, senão ele vai dizer algo como que me aproveitei e por isso venci...
– Use seu olhos, garotinha! - ordenou.

Eu sabia! Então, vou usar meu ponto fraco contra ele! Isso! Perfeito!
Fechei meus olhos, concentrando-me. Minha audição se tornou mais aguçada. Podia ouvir a respiração de todos juntos ou de cada um, concentrando-me mais.
– O que é isso? Vai ficar de olhos fechados? Uma Uchiha? - zombou.
Corri muito rápido, aparecendo atrás dele, lhe dando um chute no meio das costas.
– Agora, quem está me subestimando é você! - zombei, rindo. Provavelmente o havia feito quebrar alguns ossos. Uma costela me deixaria bem comigo mesma.
Hayato correu na minha direção e eu corri na dele, preparados para socar um ao outro...
Mas duas pessoas, dois homens, se colocaram no nosso meio.
Um era Hikaru, tinha certeza. Não conhecia o outro.
Abri os olhos. O homem tinha seus 26 anos, olhos azuis bem escuros e cabelo preto. Era bem bonito e jovem, o tipo que as garotas querem como marido, principalmente por causa dos seus olhos calmos, davam uma paz incrível, uma sensação de conforto. Ele segurava meu soco e meu irmão o de seu pai.
– Podemos saber o que acontece aqui? - perguntou um senhor que tinha olhos azuis claros, cabelos quase negros. Uma senhora estava ao seu lado, loira como minha mãe, mas seus olhos eram verdes como os do filho. Sim, eles eram meus avôs. Eu tinha certeza.
Havia uma mulher irritada, olhando Hayato. Cabelos castanhos-claros e olhos azuis escuros. A mãe do meu maninho.
– Kazumi e Hikaru. Podem soltá-los. - mandou.
Eles nos soltaram.
– Pode me explicar o que está acontecendo, Hayato? - indagou o meu avô. 
As pessoa foram indo embora, sobrando somente nós sete.
– Pai... - começou, mas não soube dizer nada.
Hikaru estava do meu lado.
– Podemos ir embora, por favor? - sussurrei para ele.
– Oh, não, querida. - pediu a minha avó. - Fique um pouco, para que eu a recepcione de verdade. - Sorria. Seu sorriso lembrava o da minha mãe, o que me fez fungar.
– Acho melhor não... - Queria ir embora antes que eles percebessem que eu era sua neta e começassem a dizer verdades na minha cara.
– Por favor, querida, - disse a outra mulher, a minha tia. - Deixe seus avós falarem com você.
Dei um passo para atrás.
–B aka! - Minha vó deu um croque na cabeça do meu tio. - Você assustou a minha netinha!
– Ai, mãe! - reclamou. Parecia uma criança.
Acabei rindo da cara dele, bem alto, uma gargalhada.
– Toma, tio! - Ele fechou a cara pra mim. - Ha!
Acabei aceitando o convite deles. E lá estava eu, sentada em um sofá, de uma casinha bem mais simpática e simples que aquela mansão.
Hikaru sentou ao meu lado, com o braço nos meus ombros. Parecia mal por ter me trazido aqui e agora não sairia do meu lado. Minha tia sentou ao lado dele, mimando-me com doces. Meus avós sentaram em poltronas, de frente pra mim. Meu tio, estava encolhido, sendo curado pelo Kazumi.
– Vamos as apresentações. - disse minha tia. - Meu nome é Masumi. Raiden - Apontou para meu avô - e Seiko. - Indicou minha vó.
– Naomi. - falei.
– Não precisa ficar assim pelo baka do meu marido.
– Ah, imagina... Ele só disse poucas e boas pra mim. Nem doeu. - ironizei, tentando fazer graça. Ela riu, junto com minha vó.
– Masumi, Hikaru e Hayato, podem nos deixar à sós? - pediu meu avô. Ele era mais sério que qualquer um ali.
Todos foram. Hikaru ficou meio preocupado, mas eu lhe disse para ir.
Minha vó sentou ao meu lado e passou a mão no meu braço direito, bem o quebrado.
– Você está ferida. - percebeu. - Kazumi, cure o braço dela.
Ele sentou na ponta do sofá e gentilmente pegou meu braço. Começou a curá-lo e até sorriu pra mim, que retribui.
– Quero pedir desculpas pelo meu filho, Naomi. - começou Raiden. Melhor acostumar a chamá-lo pelo nome logo.
– Não foi nada. - afirmei. Eu queria ir embora dali, rápido.
– Não quero que tenha ideias erradas de nós. No entanto, assumo que fiz muitas coisas ruins no passado e me arrependo amargamente hoje. Tanto que pedi para que Akemi ficasse naquela academia. Ela não gosta de mim, eu sei. Mas acho que entendeu o que eu pedia. Desculpe por tudo, eu estava de cabeça quente naquela época. E não pude negar o pedido da minha filha. Espero que Makoto tenha cuidado bem de você.
– Meu pai foi ótimo. 
– Isso me deixa mais aliviado. - murmurou, com um pequeno sorriso.
Assenti. Eu mal saí de um problema e já sentia outro próximo.
Ele está próximo, eu sinto...
Eu sentia com cada parte do meu corpo que ele estava próximo. Era estranho pensar em um reencontro agora. O que aconteceria?
– Será que eu posso ir agora? - indaguei educadamente, mas dando sinal de que precisava mesmo ir.
– Claro. - liberou-me, entendendo.
Despedi-me da minha vó com um abraço apertado e então um abraço, um tanto desconfortável, no meu avô.
– Leve-a até lá fora, Kazumi. - instruiu ao homem. Ele assentiu, seguindo em silêncio ao meu lado.
– Naomi, certo? - perguntou a mim, assim que meus avós não puderam mais escutar.
– Sim. - confirmei.
– Amei a surra que deu no Hayato-sama! Foi demais! - exclamou, sorrindo.
– Ahn, obrigada...
– Minha esposa falou sobre você. - contou.
– Quem é sua esposa?
– Sayumi. 
Ahn? A Sayumi era casada com aquele cara simpático e calmo?
– Ah, tá... Eu vi ela umas duas vezes. - informei a ele. Não preciso dizer o quão desagradável foi.
Chegamos lá fora e eu lancei um olhar de pressa para Hikaru. Me despedi da minha tia, que só faltou apertar minha bochechas e dizer que eu era fofinha, de Kazumi com um aceno e ignorei meu tio.
– Vamos, Hikaru. - chamei. puxando-o. Ele me seguiu sem perguntar nada, como se soubesse que não queria tocar nesse assunto na frente de todos.

***

Kazumi

***

Notas Finais do Capítulo:
Taiho: Eu pensei em criar um nome de clã e juntei: tai:corpo (pois o clã é o melhor em taijutsu) e ho (eles também são dominadores do fogo, se percebe pela fênix, o símbolo do clã).

Significados dos nomes:


Akihito: Brilhante.
Akinori: Brilhante exemplo. 
Kazumi: Paz agradável. 
Masumi: Purificadora da verdade ou da honestidade.
Raiden: Luz do trovão, raio. 
Seiko: Sincera, correta.


Próximo capítulo tem... *Tambores* Itachi! \o/ E é o último da temporada! Tentarei postá-lo amanhã, mas não garanto nada!

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