terça-feira, 20 de agosto de 2013

A Sobrevivente do Massacre - Capítulo Doze

Notas Iniciais do Capítulo:
Desculpa demorar tanto pra postar, pessoal. Começou a fase dos trabalhos escolares e eu fui assistir Percy Jackson e o Mar de Monstros sexta, então não deu pra postar!
Aqui está meu capítulo favorito de toda a temporada e o último também. A segunda temporada vai demorar mais pra ser postada porque tem capítulos enormes, kkk.
Espero que gostem!

Capítulo Doze: O Reencontro



Enfaixava meu braço para me lembrar que não deveria usá-lo, pois ainda doía, enquanto corria o mais rápido que podia. Não poderia usar jutsus próximo daquela vila.
– Por que estamos correndo mesmo? - perguntou Hikaru. Nós já havíamos saído do clã.
– Porque eu senti o chakra dele! - respondi, gritando para que ele pudesse ouvir, já que o vento batia fortemente no meu rosto. Ativei o Sharingan.
– Dele quem? - A inteligência dele me irritava!
– Você verá! - Segurei seu braço e nos teletransportei pra o local.

E, do nada, nós estávamos no chão do que parecia ser um corredor, de frente pra ele. Havia se afastado alguns passos antes que nós aparecêssemos, afinal era impossível surpreendê-lo. Sasuke estava desmaiado, encostado na parede, atrás de nós. Jiraya e Naruto mais à frente, junto com um cara azul e alto, com uma espada gigante. Não me lembrava do seu nome.
Eu estava de frente com Uchiha Itachi depois de tanto tempo. Foi estranho. Meu estômago parecia querer voar.
– Droga! Por que não disse que ele era o Uchiha? - indagou Hikaru, irritado. Ele pegou Sasuke e o levou rapidamente para trás de Jiraya, deitando-o no chão.
Eu encarava Itachi, Sharingan contra Sharingan. O bom era que meus olhos não perdiam para os dele. O ruim era que odiava sua expressão vazia, sem sentimento algum. Era doloroso, meu coração se apertava e eu estava em conflito interno.
Aquele era meu amigo, que me ajudara e aquele que matara minha família, meu pai. Não sentia raiva dele, só sentia um vazio. Idiota, o que eu esperava desse reencontro? Um abraço, sorrisos e um 'senti sua falta'? Tolice!
– Outra Uchiha. - admirou-se o cara azul. Kisame era seu nome, agora eu me lembrei. - Mas já ouvi falar de você...
– Sério? - indaguei. Não desviei meus olhos dos de Itachi. Eu sentia vontade de falar com ele. Perguntar suas razões de para ter feito tudo aquilo. O porquê de ter me deixado viva. Como se ele fosse responder.
Acabei recordando o que disse a Itachi antes do massacre, vendo ele usar aquele colar... O colar que eu o havia dado. E me lembrando da parte que faltava daquele maldito dia...

“Debati-me até que não conseguisse mais.
– Pare o selo, Naomi! - mandou, ainda prendendo meus braços. Parece tão preocupado.
Desativei o Sharingan, mas os selos não diminuíram.
– Não consigo. - falei.
Então ele encostou seus lábios nos meus, fazendo uma leve pressão. Senti-me corar e meu coração acelerou.
Ele estava me beijando! Mas que...! Era tudo tão confuso! E bom!
Acabei me acalmando com aquilo e os selos diminuíram.
Eu tinha gostado! Só podia estar louca! E que calor é esse invadindo meu peito?
– Adeus, pequena. - disse indo embora enquanto eu desmaiava. 
Havia sido coisa demais para mim.”

Ah, não! Aquilo havia sido um delírio não? Alguém diz que foi mentira!
Mas... Tendo sido ou não... Eu tinha gostado! Por quê?
Senti de novo aquele calor no peito e meu estômago ficou ainda mais incômodo. Que droga de sentimento é esse?
Apesar de toda essa euforia misturada com confusão, mantive a expressão sem sentimentos. Ou achei que consegui.
– Vai tentar se vingar também? - perguntou-me Itachi. Também não desviava os olhos, mas eu sentia vontade de que ele o fizesse. Sentia que coraria se não estivesse tão confusa.
Mais uma pergunta se adicionou a pilha: Por que Uchiha Itachi me beijou?
– Não... - respondi. Minha voz saiu fraca, confusa. Não porque duvidava disso, mas sim porque percebi o quanto era verdade. Eu não poderia fazer mal a ele. Isso me assustou um pouco.
– Vocês se conhecessem?! - perguntou Naruto.
– Baka, ela também é uma Uchiha! - relembrou Jiraya.
Itachi me fitava como se não entendesse o que eu havia dito ou o modo como eu a havia dito.
– Não tenho ódio, só isso. - expliquei a ele e fui sincera. - Vejo mais longe que os outros.
A verdade é que acredito em Itachi... Ele não é alguém mal. Eu sempre soube disso. Sempre acreditei nele, em silêncio. E porque, de uma forma doida, gosto dele.
Olhando nos seus olhos e como se eu visse sua alma. Não importava o que aqueles olhos tentassem dizer, eu olhava sua alma, aquela que não mentia.
– Posso não ser a melhor com genjutsu, mas enxergo mais do que qualquer um. - garanti e Hikaru estava do meu lado, enquanto eu desativada meu Sharingan e fechava meus olhos.
O bom do meu irmão era que ele não precisava falar para que eu o entendesse. Passamos rapidamente por Itachi, que nem se moveu. No entanto, Kisame moveu sua espada em uma velocidade incrível, querendo me acertar.
Parei a espada com o braço direito (logo o que estava enrolado em ataduras) e Hikaru passou por cima. Maldita dor! Meu braço doía como se tivesse quebrado novamente.
– Que força. - elogiou, colocando mais pressão contra meu braço. Assim já é maldade. - E viu isso de olhos fechados. Você é mesmo Uchiha Naomi, né?
Só podia usar taijutsu contra aquela espada já que ela absorvia chakra.
– Eu nasci com metade da minha visão comprometida. - disse-lhe. - E ainda enxergo muito mal...
– Mas...?
– Mas...! Minha melhor visão é meu sexto sentido! - Impulsionei-me e girei no ar, parando ao lado do Naruto.
– Uma usuária do Sharingan que não enxerga tão bem, ke he he. - Riu, tentando me atacar uma segunda vez. Empurrei Naruto pra trás e parei novamente com o braço, o esquerdo, agora com os olhos abertos.
– Esses olhos... - murmurou. - Você é do clã Taiho. Linhagem dos líderes da vila, né? - Como ele sabe...? - Devem odiar você por ser uma Uchiha... Provavelmente já tentaram te matar. Konoha não impediria se eles tentassem, afinal, fazem isso com todas que tem esses olhos. Devem ter feito isso com sua mãe...
– Tsc. - Isso me deixava com raiva. Sentia-a subir no meu sangue, quente como fogo. - Onde quer chegar com essa conversa? - questionei, entredentes.
– Seguir a vida ninja vai levá-la à morte, garotinha. Não pode suportar o chakra especial por muito tempo, vai queimar...
Eu queria que ele calasse a boca, então, recuei o braço direito, preparando um soco. Sentia esse braço muito quente, quase como se queimasse e isso concertasse meus ossos, algo como regeneração. 
Não sentia mais a dor quando soquei a espada com a maior força que consegui. Ela voou das mãos de Kisame e fincou na parede a centímetros do Itachi, que agora assistia tudo.
Samehada emitiu um som de dor. Parte das faixas queimaram até que esse chakra fosse sugado. Mas o que fogo fazia na espada?
Observei meu braço, começando pela mão, que tremia enquanto o sangue pingava, mas logo não havia mais sangue. Subi o olhar e vi que o lugar onde estava a faixa pegava fogo.
Me apavorei, sacudindo-o, o bati contra a parede até que tudo sumisse.
– Kami-sama! - exaltei.
– Mana! Você tem um chakra que parece fogo...! - comentou Hikaru. Ele cuidava de Sasuke, na medida do possível.
– O que... - Kisame estava furioso -... você fez com a minha espada?! - Tentou me acertar um chute, mas eu pulei pra trás.
A mesma fazia barulhos estranhos. Um choro, talvez.
Kisame não parecia que esqueceria isso. Tinha a cara de: Matarei você lentamente, pedaço por pedaço. Antes que pudesse tornar isso verdadeiro, Itachi disse:
– Vamos embora, Kisame.
– Não mesmo! - disse Jiraya, fazendo o jutsu do estômago do sapo.
– Eu ainda te pego garota! - prometeu Kisame enquanto corriam, virando a direita.
Fiz uma careta de nojo, meu estômago revirou.
– Prefiro morrer casta. - respondi. Aposto que Hikaru teria rido se não estivéssemos em uma situação tão complicada.
Mesmo assim eles fugiram... Com o Amaterasu.
Seguimos até lá, Sasuke sendo carregado pelo meu irmão.
– Naomi... - começou, enquanto eu olhava o buraco. - Vamos ao hospital, ok?
– Tá. - Minha cabeça doía. Estava confusa. Meu dia havia sido cheio.
– Ele vai ficar bem? - perguntou Naruto pra mim.
– Sim, não se preocupe, Naruto. - respondi e nós partimos para o hospital.
***
Eu o olhava ali, deitado na cama. Parecia que ficaria em Konoha pra sempre. Comigo. Claro que eu não acreditava muito nisso.
– Por que vai fazer isso Sasuke? - indaguei, baixinho. Ele não podia me escutar, estava desmaiado e se manteria assim por um tempo. - Por que quer se vingar dele? - A ideia dos dois lutando era tão aterrorizante. Não sabia por quem eu tinha mais medo.
Droga, minha cabeça era um nó. Sasuke é meu namorado, eu realmente gosto dele. Demais. Mas o que é isso que sinto pelo seu irmão? Eu gosto dele, mas será que gosto desse jeito?
Balancei a cabeça, tentando apagar isso da memória.
Não podia gostar de Itachi. Não podia gostar dos dois.
***
À noite, quando voltei pra casa, encontrei Akemi de braços cruzados e brava.
Nem liguei. Estava mal demais.
Arrastei-me até o quarto e ela me seguiu.
 –Então, você foi até o clã. - afirmou. - Olha como voltou... Eu avisei.
Parei, olhando-a com a maior raiva que pude, sorrindo sarcástica.
– Olha como estou feliz pra escutar isso, sensei. Lutei com meu tio, depois de ouvir um monte de coisas e no final lutei contra um nukenin, Kisame, reencontrando o Itachi. Agora o Sasuke está mal, no hospital. Vai querer dizer 'eu te avisei' mesmo?
Ela recuou, indo para seu quarto e me deixando em paz.
Sábia decisão, sensei... Pensei, caindo na cama e em seguida cochilando.

Dia seguinte...

Visitei Sasuke hoje e acabei ficando tempo demais, por isso estou correndo pelas ruas, tentando não me atrasar para o teste da ANBU.
Quando cheguei, Hikaru sorriu. Kumiko também - eles eram do mesmo time - e incrivelmente até Sayumi deixou escapar um sorriso pequeno. Havia uma vaga naquele time, pelo que meu nii-san disse, alguém havia morrido em uma missão. Não perguntei quem e nem como.
– Tenho que lhe pedir desculpas, Uchiha. - disse a líder (Sayumi, claro). - Errei no meu julgamento sobre você. - Ouvi-a sem dizer nada. Vai saber quando vou ouvi-la dizendo que está errada de novo. - Achei que era uma convencida, orgulhosa, como pessoas de clãs costumam ser.
– Sayumi, tenho meu orgulho, porém, não esse ego todo. Não me acho melhor que alguém que não tenha um clã. O que importa é você mesmo. Por isso, quero lhe mostrar minhas habilidades. Sem suposições sobre meu poder, mas sim provas. 
Ela assentiu.
– Vamos ao teste então... Você vai conosco em uma missão. Se for bem, Danzou falará com você.
A missão era simples. Descobrir o esconderijo de um cara, um nukenin da folha, arrancar informações dele e depois... Bom, ninguém vai soltá-lo de novo.
Sayumi começou a bolar um plano. Me ofereci para rastreá-lo, mas ela negou.
– Hikaru é muito bom nisso. - disse-me.
– Então, deixe-me interrogá-lo. 
Ela ficou brava.
– Isso eu faço.
– Tsc. O que sobra pra mim então? Matar o cara?
– Basicamente.

Depois da missão...

Estava irritada. Havia sangue nas minhas mãos. Eu acabara rastreando antes de Hikaru e Sayumi se remoeu de raiva. E depois eu a impedi de usar seus métodos macabros de interrogar. Se pudesse, teria ateado fogo em mim.
–Você passou. - animou-me Kumiko. - Falta falar com Danzou.
– Ok. - concordei.
A líder me ignorava, ainda furiosa comigo. E eu com ela, por me subestimar.

Dias depois...

Tsunade chegou à vila. Vai ser a próxima Hokage. E agora estava curando Sasuke.
– Ele vai ficar bem. - afirmou Tsunade pra todos.
Eu continuava em um canto, com os olhos fechados.
Estava cada vez mais imersa em pensamentos. Vivia acordando no meio da noite, suada, por causa do mesmo pesadelo, os irmãos Uchihas lutando e eu gritando sem poder fazer nada. Só uma coisa mudava: ora Itachi perdia, ora Sasuke. E eu sempre acabava segurando o corpo e chorando.
– Naomi, não é? - perguntou Tsunade, tirando-me da péssima lembrança, e eu abri os olhos assentindo. - Não fique assim. Ele vai ficar bem.
– Depende de que bem se está falando. - sussurrei a mim mesma. 
Assim que Sasuke acordou, Sakura pulou em seu pescoço, abraçando-o. Ele não retribuiu.
Deixei, afinal, ela esteve tão presente quanto eu nesses dias.
Sasuke fixou seu olhar em mim, Sakura ainda o abraçando. Parecia querer conversar comigo.
– Bem-vindo de volta, Sasuke. - cumprimentei.
– Quanto tempo eu...?
– Dias. Pouco considerando tudo.

Alguns dias depois...

Nosso time voltava de outra missão (menos Kumiko, por algum motivo desconhecido por mim). Minha máscara era de um tigre. Não havia mudança na roupa dos ANBUs, mas eu gostei. Era confortável. O melhor era que eu tinha uma espada novamente. Não era uma katana, mas já estava bom.
– Você anda meio triste ultimamente. - afirmou Sayumi, enquanto nós voltávamos de uma missão. Ela não estava mais zangada comigo.
– É culpa do Uchiha. - explica Hikaru.
– O nome dele é Sa-su-ke. - falei.
– Eu estava falando do outro Uchiha...
– Ahn? - Sayumi estava perdida na conversa.
– Baka, não tem nada a ver com o Itachi.
– É? Então por que não o matou quando teve chance?
– Você não o conhece! Itachi não perderia pra mim! É muito inteligente e forte. - E bonito, acrescentei mentalmente.

À noite...

Tinha um pressentimento sobre Sasuke. Por isso não conseguia dormir.
Alguém bateu na janela do meu quarto. Abri e lá estava ele.
– Sasuke, o que...? - perguntei, enquanto ele passava pela janela, adentrando meu quarto. 
Percebi a mochila nas suas costas. Sasuke partia. Meus olhos se encheram d'água, enquanto meu coração se quebrava em pedacinhos.
– Naomi, preciso falar com você. - Sentou-me na cama e se sentou ao meu lado. Seus braços puxaram-me para seu colo. - Eu estou indo embora. - Mantinha seus olhos nos meus. - Venha comigo.
O quê? Abandonar a vila? Meus amigos?
Eu não podia. Não queria ir embora.
– Eu... Não posso. 
Sasuke ficou desapontado.
– Naomi, esqueça a vila!
– Esqueça sua vingança! Esqueça... - Sua boca pressionou a minha com força, segurando minha nuca.
Fiquei fraca. Beijá-lo sempre me deixava assim.
Sasuke me deitou na cama, ficando sobre mim. Sua língua se enroscou na minha, sugando-a. Sua mão foi parar embaixo da minha blusa, subindo pela minha barriga. Tocou meu seio, mais evoluído do que os da maioria da minha idade, ainda por cima da faixa.
Retomei a consciência. Ele quer fazer sexo comigo! Para me convencer a ir! Não, eu não quero isso! Não quero fazer isso!
Empurrei-o para o lado da cama, livrando-me da sua mão pervertida e da sua boca.
Sasuke estava aturdido e eu, indignada.
– O que pensa que estava fazendo? - indaguei. - Saia daqui agora, Uchiha Sasuke! - Apontei para a janela.
Ele respirou fundo, olhando pra mim, e se foi.
Enterrei a cabeça no travesseiro, começando a chorar.
Nem dormi à noite.

Dia seguinte, à noite...

Estava trancada no meu quarto. Sasuke havia fugido, a missão fracassado. Agora só me restava a dor.
Chorar agarrada a um travesseiro era ridículo, mas eu o fazia mesmo assim. Choraria até as lágrimas secarem e recomeçaria de novo.
Também me sentia culpada... Culpada por pensar no seu irmão. Por ter o beijado e gostado.
– Naomi! Abra a porta por favor! - pediu Hinata. Ela nem mais gaguejava comigo.
Me levantei e abri a porta. Ela me abraçou, levando-me pra cama. Deitei a cabeça em seu colo, enquanto ela fazia carinho no meu cabelo.
– Estou aqui pra cuidar de você.
– Hina... Eu... Me sinto culpada...
– Por quê?
–Eu... Eu...
– Se acalma, Naomi.
Me aproximei da orelha dela e sussurrei:
– Uns anos atrás, no dia do massacre, ele me beijou...
– Ele... Ele quem?
– Uchiha Itachi... E o pior é que eu gostei...
– N-naomi!
– Eu só me lembrei quando o vi...
– Kami-sama!
– Você não pode contar pra ninguém! Me prometa!
– Eu prometo.
Depois me obrigou a comer algo. Eu realmente estava com fome.

Duas semanas depois...

Sentia sua presença quase todos os dias, me vigiando (ainda bem que minha sensei arrumou uma casa)... Uchiha Itachi, aquele que sempre aparece nos meus sonhos noturnos e que continua na minha mente, não só nela, quando acordo.
Ontem, quando desmaiei treinando, lembrei-me de ver seu rosto e de suas palavras, enquanto carregava-me até aqui. Bobagem, isso era impossível. O que ele faria lá?
Levantei meio cambaleando. Minha visão estava péssima hoje.
– Que droga. - resmunguei, derrubando algo que não consegui enxergar. Provavelmente um copo, já que se espatifou no chão...- Itai! -... e caiu em cima de mim, mais necessariamente no meu pé.
Comecei a mancar, tateando as paredes, pra chegar na cozinha. Agora faltava achar a caixa com curativos, no armário.
Quando finalmente a peguei, alguém bateu na porta.
– Bom dia pra você, Naomi - cumprimentou Hikaru.
–... - Fiz de conta que não havia ouvido.
– O que houve com seu pé?
– Nada.
– Nada. – repetiu, irônico. - Deixe-me cuidar disso.
Pegou-me no colo rapidamente, levando-me para o sofá.
– Argh. Me sinto insignificante... Precisando de babá!
Fui colocada sentada e senti algo sendo puxado no meu pé. E em seguida o barulho de ser colocado em cima de uma mesa.
– Não sou sua babá. – corrigiu, tirando outro pedaço de vidro e passando algodão e um líquido que fez arder as feridas. - Sou seu amigo, seu primo e seu “brother”.
– Entenda: Eu me sinto uma inútil.
– Tsc... Você só esta precisando de ajuda. E não é uma inútil por isso.
Tudo que eu via era o borrão louro e branco, com roupas cinzas e pretas.
– Eu me deixei quebrar de novo... - Como se não bastasse a morte do clã inteiro. -Tsc... Tenho vontade de ficar trancada em casa comendo chocolate.
– Não faça isso, Ok? Senão vai acabar gorda e cheia de espinhas. - Ele riu. Hikaru era uma energia alegre, por isso ri também.
– Só você pra me fazer rir mesmo.
– É... - Ele enrolou meu pé em uma tala. - Mas, falando sério, o que vai fazer agora? Não pode ficar aqui pra sempre.
– Eu sei...
– Ei, podia sair comigo e com a Kumiko-chan, né? - convidou, feliz.
– Ela está bem? Não a vejo faz tempo.
– Ah... - Parecia envergonhado. - É que... Bom, Kumiko e eu vamos ter um bebê. - explicou e meu queixo caiu.
– Tipo, bebêFilho? Ela está grávida? - perguntei, desconfortável. A Kumiko-san parecia tão... Pura.
– É... Uns três meses. - acrescentou. Devia estar corado.
– Caramba! Você é rápido, nii-san! - comentei, rindo. - Vai casar com ela, né?
– Claro! Eu a amo! Você sabe...
– Hm, pensei que você fosse lentinho nisso também. Me enganei feio. - Ri de novo.
– Ah, pare com isso, imouto! - pediu, pois devia estar muito corado. Ri mais ainda.
– Ok. Mas não vou ficar segurando vela! - Já sentia minha visão ficar mais clara. Eu necessitava estar bem para que tudo clareasse.
– Não vai! Garanto! Vai se trocar agora... - Deu uma pausa, enquanto eu levantava. - Ou precisa ajuda nisso também? - Riu. Ele brincava. Joguei a almofada nele. - Itai! 
– Bobinho! - xinguei, rindo.
Caminhei até o quarto. Peguei meu vestido preto para passeios, penteei os cabelos, deixei-os soltos, uma cascata negra (percebi que agora batiam quase no meio das minhas costas, e eu os manteria ali). Até que eu não estava tão ruim assim.
Voltei a sala.
– Uau! - exclamou Hikaru.
– Que foi?
– Você fica linda de vestido. - elogiou.
– Obrigada... Vamos?
– Claro. - Levantou, sorrindo e oferecendo-me seu braço. 
Aceitei, sorrindo.
Saímos de braços dados, andando pelas ruas de Konoha. Muitas fofocas surgiram, mas nem ligamos. Éramos apenas irmãos, shinobis do clã Taiho, primos e grandes amigos. Uma dupla estranha, pois não parecíamos em nada. Séria e brincalhão, rápida e lento, mais nova e mais velho, morena e loiro.
– Você vai ser um pai bobão! - comentei. - Tratar sua filha como um princesa!
– Filha? Nós nem sabemos o sexo. 
Sorri, piscando pra ele.
– Eu sei. Acredite, futuro papai bobão.

Minutos depois...

– Aonde vamos mesmo? - perguntei.
– Você verá. 
Caminhamos até chegar na churrascaria. Por algum motivo, havia uma placa de reservado na porta.
– Você alugou o lugar? - indaguei. Ele nada disse, apenas cobriu meus olhos.
– Siga em frente, imouto. - instruiu.
Fiz o que pediu e ouvi a porta abrir. O lugar era escuro, mas, assim que ele descobriu meus olhos, a luz acendeu.
Caramba! Isso é pra mim?
Todos os meus amigos estavam ali.
Naruto, Kakashi, Hinata, Kiba, Shino, Kurenai, Asuma, Shikamaru, Chouji, meu avô, avó, tia, sensei, Kumiko, Gai, Lee, Tenten e Neji.
Conheci direito esses três últimos em um treinamento de madrugada. Na verdade, eu estava exausta e todos me ajudaram a voltar pra casa. Percebi que Neji havia mudado, tratando-me com cuidado, sendo um cavalheiro. Lee era tão esforçado ao extremo quanto eu e foi um amigo, acho que por eu ter ido visitá-lo no hospital e pelo incentivo. E Tenten era simplesmente adorável (ela deu um trato na minha auto-estima, arrumando meus cabelos desgrenhados).
– Yo, Naomi-chan! - disseram.
– Yo, minna-san! - disse a eles.
Em toda a minha vida, nunca tivera tantos amigos. Por isso fiquei e não me arrependia.
Sentamos em uma mesa gigante, cheia de comida. Fiquei exatamente no meio de todos.
Eu ri demais, comi demais, aproveitei demais. Senti que agora tinha uma enorme família e ninguém poderia destruir isso. Mas faltavam algumas pessoas ali...
Prometi a mim mesma: traria Sasuke de volta. E também Itachi. Seríamos felizes de novo, dependente de qual eu amasse mesmo. Reconstruiríamos o clã Uchiha.
E pra isso teria que ficar mais forte. Forte de corpo e alma. Precisava confrontar Itachi, fazê-lo responder minhas perguntas. E depois convencer o cabeça dura de Sasuke da verdade, fosse qual fosse.
– Minna-san! - chamei, batendo a colher no copo, subindo em cima da cadeira. Todos pararam e me olharam. - Hoje é um dia que devemos pensar no futuro. Haverão lutas, alguns podem partir, mas nós sempre seremos uma família. Então, eu prometo fazer o meu melhor! Mais que antes! Ficar mais forte!
–C oncordo com você, Naomi-chan! - gritou Naruto. Sorri pra ele.
Todos disseram coisas semelhantes, até mesmo Shikamaru, a preguiça em pessoa.
– Você me inspira, Naomi. - confessou-me quando estávamos próximos e ninguém podia ouvir. - Perco até o sono. Sinto vontade de fazer meu melhor também, me esforçar como você. Você é uma ótima líder Uchiha Naomi. 
Eu ri com isso.
– Sério? Quase ninguém me seguia antes.
– Tem mesmo talento. - concordou meu avô. Ele escutara tudo, talvez tivesse a mesma audição que eu. - Lembra-me o teimoso do seu pai. - Riu.
Acabei rindo também. Ele era tão bom líder que fizera minha mãe o seguir.

Mesmo dia, mais tarde...

– Tsunade-sama? - chamei-a. Ela estava no escritório de Hokage, dormindo.
– Ahn...? - indagou, no meio do sono.
– Tsunade-sama! - chamou Shizune e a acordou.
– Ah! Shizune, não me acorde assim! - Limpava a baba. Quase ri com a cena. Foi quando me percebeu. - Naomi?
– Tsunade-sama, tenho uma pergunta a lhe fazer. - Ela assentiu. - Como deve saber, tenho um pouco de conhecimento em ninjutsus médicos. Passei um pouco do básico. Seria muito bom se pudesse ser minha mestra. - pedi sem pedir.
Ela me fitou, avaliando a minha proposta.
– Bom, pelo que vi você é bem pontual e esforçada. Além do clã conhecido por serem ótimos médicos... Não liga de pegar no pesado?
– Não mesmo, Tsunade-sama.
– Hm... Ok, pode começar desde já. Shizune, traga o material necessário!

Alguns meses depois...

Meu treinamento ia muito bem. Aprendi muitas coisas. E acabei fazendo uma amizade com Ino, uma garota louca e que me fez rir demais.
Sakura ainda não gostava de mim. Não a culpava.
Sayumi se mostrou uma amiga nesses tempos. Nós agora saímos sempre. As brigas ficaram para trás assim que ela parou de me subestimar. E frequentemente dou dicas de como ela deve agir para chamar a atenção de seu marido (Descobri que Kazumi era um tanto desatento a sinais, e por isso tinha tentado fazê-lo ficar mais esperto para certas coisas).
Continuava com a sensação de que Itachi me via dormir. Não todos os dias, só alguns. Espero que não seja verdade, pois pijamas gigantes com bichinhos ou sutiã e mini shorts não são roupas que eu gostaria que me vissem usando.
Hoje Kumiko ficou tão cansada com a tarde de compras de roupinhas (rosas, na maioria. Pelo menos ela acreditou na minha previsão) que resolveu dormir lá em casa. Hikaru estava na casa dos pais, resolvendo algo.
Eles casaram alguns meses antes, uma cerimonia simples, para amigos. Mas foi lindo e eu acabei descobrindo como sou careta... Percebi que queria um casamento tradicional, lindo e detalhado, com meus amigos assistindo. O problema era justamente o noivo.
Bom, dormi como uma pedra. Ou teria dormido, se não fosse uma voz me chamando.
– Naomi! - chamou Kumiko.
Acordei em um pulo e corri até seu quarto.
– O que houve? - perguntei.
– O bebê...! Tá nascendo! - Soltou um grito de dor.
– Vou levá-la ao hosp... - O grito dela abafou minha voz.
– Não dá tempo! Tá nascendo!
Oh, meu Kami! Pensa, Naomi! Você é médica! Fique calma!
– Vou ter que fazer o parto. - afirmei, atordoada.
Fiz dois Bunshin's. Um correu na cozinha, o outro arrumou Kumiko na posição certa e segurou sua mão. E eu... Ficaria com a pior parte!

Algum tempo depois...

O choro de bebê invadiu a casa. Kumiko estava exausta e eu também. Tinha sido estranho ver uma criança nascer... Por . Teria vomitado se não fosse treinada para ter estômago forte.
A menininha toda suja de sangue. Loirinha, só alguns fios, com os olhos fechados. Linda.
– Sua filha. Branca como seda. - comentei, passando a toalha em sua pele.
Ela sorriu fraca, olhando-me.
– Me dê... Ela.
Limpei-a rapidinho, entregando-a.
– Oh, meu bebê. - O amor de mãe era tão lindo que lágrimas saíram dos meus olhos. Eu estava feliz. - Aya, abra seus olhos... - pediu.
Sorri, vendo meu apelido ser adquirido.
A menininha os abriu, mostrando seus olhos iguais aos da mãe.
Senti um amor grande por aquela coisinha pequena e frágil. Como uma segunda mãe.
– Olhe sua madrinha, querida. - disse a filha.
– Obrigada. - agradeci, emocionada.
– Não foi nada, senhorita manteiga derretida. - Riu e eu acompanhei.
Eu realmente estava sensível demais.

Uma semana depois...

– Naomi-chan? - chamou Hina-chan. 
Nós estávamos olhando aquele campo florido, onde meus pais haviam pisado 14 anos antes.
– Sim?
– Sei que está confusa. Mas talvez isso ajude.
– Diga.
– Qual dos dois faz você se confundir mais? 
Já havia me acostumada com essa Hinata mais solta, menos envergonhada. Nossa relação a deixava calma.
– Itachi. - Era confuso o que sentia por ele.
– E seu estômago querer flutuar, sua face corar?
– Itachi.
– Qual beijo foi o melhor?
– Depende do que se conta. Nunca o beijei de língua. Mas o fiz com Sasuke.
– Qual marcou mais?
– Difícil essa...
– Próxima então. Por qual você jogaria tudo para o alto?
– Não sei. - Não o havia feito por Sasuke. Mas deixá-lo ir foi muito doloroso. Não sei sobre Itachi. Ele não havia ido embora. A fuga não contava.
– Devia falar com ele.
– Com Itachi?
– Hai. Vai saber o que ele sente por você.
– É complicado. Não sei se conseguiria falar com ele.
– Tente.
– Ok.
E assim passamos a tarde, vendo o pôr do sol e conversando.

***

Notas Finais do Capítulo:
Significados:Imouto: irmã.
Aya: Seda, tecido de seda.

E então? Gostaram do capítulo final? Ansiosos pela segunda temporada? Não prometo ser tão breve assim. Tenho muita coisa pra fazer, mas tentarei!
Tenham uma boa semana!

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